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Acreditar em Deus é uma escolha racional

Estou acompanhando os debates desse Blog faz algum tempo e resolvi me meter na conversa. Meu argumento é que acreditar em Deus é uma escolha racional e que, ao racionalizar essa escolha cada ser humano perceberá que não há nenhum motivo racional para acreditar em Deus. Esse é o maior paradoxo. Se qualquer pessoa estudar profundamente os alicerces de todas as religiões conhecidas perceberá que todos eles podem ser contestados e negados com uma análise filosófica muito simples. Por exemplo, no catolicismo diz-se que Deus é bom; e é o senhor de todas as coisas. Se ele é bom, e é o senhor de todas as coisas, logo, Ele está referendando todas as mazelas humanas também: violências, estupros, opressão dos mais pobres, etc… Diriam os católicos. Não, mas isso é coisa do Diabo. Ué, se há coisas que são do Diabo, logo, Deus não é o senhor de todas as coisas. O mesmo vale para as teses Kardecistas. Reencarnamos para, dentre outras coisas, purgar nossos “pecados” de outras vidas. Mas reencarnamos sem conseguir lembrar de nada. Se não nos lembramos de nada, como vamos purgar qualquer pecado? O que nos levaria à purificação? A crença em Deus e no bom viver? Ok, mas e se nascermos em uma família de ateus e não tivermos nenhum contato com qualquer religião? E/ou não desenvolvermos qualquer sentimento de religiosidade ou busca transcendental? Lá vai o postulado ladeira a baixo! Eu poderia continuar fazendo esse exercício de lógica indefinidamente, mas acho que já demonstrei meu primeiro argumento.
Porém, quero voltar ao ponto de que acreditar em Deus é uma escolha racional. Como parte dos desígnios da razão, a crença tem que ser testada e contestada todo o tempo. A razão é capaz de colocar perguntas e oferecer respostas quase simultaneamente. Mas, eu penso que pode haver um limite. Pode haver um limite em que a razão fique completamente exausta e torne-se incapaz de responder qualquer coisa. Talvez ai surja uma nova maneira de pensar (ou de não pensar). E talvez nesse momento seja possível encontrar algum caminho para nos aproximarmos de Deus sem os limites tradicionais da razão. Não estou falando de emoções porque entendo que todas as emoções, na minha leitura, são absolutamente racionais. Não parto do princípio da separação entre razão e emoção. Para mim, esses dois movimentos andam em paralelo. Mas eu penso (e não sei explicar racionalmente porque penso assim) que existe alguma coisa, alguma forma de conhecimento para além da razão e das emoções.
Quando vemos as grandes descobertas científicas, é possível imaginar que aconteceram sem razão e sem emoção. Arquimedes e sua grande descoberta sobre a densidade dos metais é um dos melhores exemplos. Ele estava exausto de tanto pensar racionalmente. Mergulhou em uma banheira e de repente encontrou a resposta (provavelmente sem pensar). É claro que há uma briga entre os historiadores da ciência sobre a veracidade da banheira do Arquimedes, mas, esse é apenas um dos vários exemplos. John Nash e a teoria dos jogos, Ramanujan e os números infinitos; e por ai vai.
Bom, em síntese e para não ficar de delongas. Enfatizo que, na minha perspectiva, acreditar em Deus é uma escolha racional que, necessariamente, levará qualquer um a não acreditar em Deus. Talvez no mergulho nesse paradoxo entre a crença racional absoluta e a total descrença racional seja possível efetivamente encontrar Deus. Estou seguindo esse caminho faz algum tempo. Sigo acreditando e desacreditando simultaneamente. Quem sabe um dia eu quebre esse paradoxo.
Rodrigo Rocha

 

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sábado, 2 de fevereiro de 2019
Texto Original com comentários
http://sertotalprojeto.blogspot.com/2019/02/acreditar-em-deus-e-uma-escolha-racional.html